quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Receita e comando para a TV pública dar certo!

Milton Coelho da Graça


O presidente Lula só deverá assinar a MP da TV Pública após retornar da viagem aos países nórdicos, ou seja, na próxima semana. E ainda dá tempo, portanto, de tentar enriquecer as boas intenções anunciadas até agora pelo ministro Franklin Martins sobre o assunto.

A mídia tem sido acusada de tanta coisa que talvez valha a pena recordar os pontos sobre o que deveríamos todos estar de acordo. A arte de editar qualquer meio de comunicação consiste em conciliar o trabalho da equipe de redação (na informação, na análise e na opinião) com a ideologia e os interesses do(s) patrões e seus principais anunciantes. E, para que o produto seja bem sucedido em importância e audiência/circulação, a edição tem de montar e dosar um "pacote" com dois ingredientes: o que o leitor/espectador/ouvinte deseja saber e aquilo que os donos e a equipe acham que ele precisa saber. E a concorrência pode não corrigir os defeitos do sistema, mas corrige um bom pedaço.

Certa vez, argumentei com Roberto Marinho em defesa da publicação de uma matéria que "iria vender muito jornal, aquilo que sempre tinha levado o GLOBO pra frente". E ele, com sorriso matreiro nos lábios, retornou uma lição implícita: "O GLOBO foi pra frente com tudo que publicou e mais o que não publicou."

É isso aí. A receita vale para qualquer regime político ou econômico e, havendo democracia, o equilíbrio geral se torna razoável. O executivo-chefe (seja lá qual for o título), em qualquer regime, tem de montar e dosar "sua" receita, com a maior qualidade possível para vender mais exemplares e mais anúncios, enquanto cada jornalista faz "sua" verdade passar espremida entre fios de navalha, todos mais ou menos afiados, dependendo da maior ou menor seriedade com que o donos compreendam seu papel na sociedade. Observando com isenção os Mesquita, Frias, Civita, Marinho, Sirotsky, Câmara, Paes Mendonça, e alguns outros, percebe-se como são diferentes entre si e, certamente, todos muito diferentes de Edir Macedo, Sílvio Santos, Flávio Martinez, Tanure e Rupert Murdoch. Aqui no Comunique-se os patrões resistiram a três pressões contra "minhas" verdades. E, pasmem, duas delas feitas por jornalistas, empregados como eu, não outros patrões.

A TV pública será bem sucedida se obedecer essa "receita", e deixar claro que o Estado é o patrão, o governo se expressa pelo executivo-chefe. Portanto, Belluzzo não pode ficar em dúvida sobre a natureza do cargo de presidente do Conselho Curador, não subordinado ao Planalto, com funções e autonomia semelhantes aos de Milton Zuanazzi na ANAC, se este fosse competente e mais dedicado aos interesses do país e dos passageiros do que aos interesses da TAM e da Gol. E o executivo-chefe deveria ser escolha conjunta do Presidente da República e do Conselho.

Belluzzo não é Zuanazzi, é uma pessoa séria. Com todo o Conselho escolhido por Lula sob os mesmos critérios com que convidou Belluzzo, a TV pública começaria sob os melhores auspícios.

Quem aí foi presentear 20 pratas a Edir Macedo?

A Igreja Universal convocou e 650 mil pessoas foram à Praia de Botafogo, no Rio, participaram da "maior sessão de descarrego do mundo". As pessoas foram atraídas por mensagens que prometiam solução de "vícios, doenças e problemas financeiros, familiares e pessoais". E também garantiam resistência "a obras de feitiçaria".
Vou aqui enunciar os artigos 284 e 285 do Código Penal e fico imaginando se o delegado policial de Botafogo poderia ter mandado um detetive lá na praia e intimar Edir Macedo a comparecer à Delegacia para, no mínimo, prestar esclarecimentos.

Charlatanismo

Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

Curandeirismo

Art. 284 - Exercer o curandeirismo:
I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância;
II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio;
III - fazendo diagnósticos:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Na "sessão de descarrego", cada um dos 650 mil presentes foi solicitado a dar 20 pratas para ajudar Edir e a Igreja Universal na compra de emissoras de rádio para o trabalho de evangelização.

Um comentário:

Unknown disse...

É mt importante esse trabalho de infotmar e transmitir o q acontece as pessoas!!!!!1
Parabens Dani!!!!
Q DEYS te ilumine nesse trabalho abençoado!!!!